21 de novembro de 2010

Um dia de cada vez

Ópera. Tenho escolhido ópera pela intensidade, pela maneira lenta, constante e transbordante que ela vai preenchendo o vazio da casa... Todas aquelas vozes, aqueles instrumentos vão me dando a sensação de que não estou só...
Consegui acordar cedo, ir a feira, ler, ler e escrever. Hoje é um daqueles dias em que a balança está lá em cima sem causa aparente. Quando acordei pensei que teria todos os motivos para me afundar na tristeza, mas em vez disso eu levantei... Resolvi me contrariar e não me irritar com o inevitável, porque oras... eu sabia que isso uma hora iria acontecer... Só não deixo esses discursos de "eu quero a sua felicidade" tomem conta de mim, porque isso é hipocrisia demais... Mas sei que consigo lidar com isso. Eu só preciso de um pouco mais de paciência... dessa que eu cultivo bem aqui no quintal...
Venho pensado em motivos para seguir em frente, na verdade mesmo, eu gostaria de motivos que me fizessem esquecer... mas isso é como uma doença incurável, você só pode esperar que ela tome conta do seu corpo e se acostumar com os comichões... Mas nunca é demais rezar por um milagre. Enquanto isso, faço de conta que não há doença alguma, que posso sair por ai correndo bem rápido enquanto a brisa tenta tocar o meu rosto, para no final, quando o ar me faltar eu apenas respirar, bem fundo, bem devagar...
A maioria das óperas são tristes, parei para pensar nisso agora, no quanto está soando triste a voz daquela mulher... Mas eu não quero saber de tristeza hoje, então fujo para a varanda. Ao longe ainda consigo escutá-la, mas agora sooa engraçado... Engraçado mesmo é como tudo pode mudar assim, dependendo do referencial...
Por isso agora vou começar meu próprio jogo do contente: todas as vezes em que a tristeza vier me visitar, com seu ar sombrio e gélido, eu vou fugir para a varanda, olhar para o céu e pensar em... possibilidades. Exatamente, possibilidades, tão vastas, incontáveis e nada palpáveis como todo o céu, as estrelas, as nuvens...
Devo estar parecendo louca, aqui na varanda, falando sozinha, sobre céu e derivados... Mas a loucura é também uma possibilidade, e ela tem me parecido mais viável que a Tristeza...

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