27 de agosto de 2009 3 comentários

Desconexo em:

O olhar perdido do poeta




Ontem não controlei a nostalgia rastejante que tomou conta de mim, enquanto eu estava ocupado demais para pensar. Não resisti e reli as cartas que trocamos. Todas as mentiras que eu não só acreditei como ousei sentir. Agora soa tudo tão amargo, porque algo continua a repetir que talvez, naquele dia, talvez, tenha sido de verdade.

E de repente eu me lembro de toda a felicidade que me preenchia só de ouvir tua voz. Depois eu lembro da solidão da tua casa, eu tomando um gole de café enquanto olhava pela janela. Lembro também do supermercado, enquanto eu abria o litro de álcool e te dizia pra confiar em mim e que se minha camisa ficasse manchada iria te matar. Nunca mais vi aquela camisa. Às vezes eu fico pensando que ela ficou na tua casa e que de vez em quando tu vestes e lembra de mim.

Ontem eu vi o olhar do meu amigo perdido. No que o poeta pensa? O que mais o poeta podia querer, quando ali parecia ter tudo que ele precisava? Mas quando as lembranças passam sem pedir licença, entorpecendo os sentidos, você se permite perguntar “por que?”.

Lembrei de quando tu me abraçou em silêncio. Nunca mais senti aquilo. Eu acho que não te amo mais, isso tudo é apenas uma saudade absurda do que um dia você me fez sentir.

 
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