1 de março de 2009

Saudade


Ah saudade...

Da galinha cozida dos sábados

Dos cochilos de fim de domingo, na rede do quintal

Ah saudade...

Das conversas despretensiosas ao pé da escada

De juntar os trocados para comprar um vinho barato

De brindar com copo descartável e achar um máximo

Ah saudade...

De ouvir os amigos em seus desabafos de amor,

Por amor, com amor

De ouvir você falando e pensar:

Ah! Como daríamos um casal perfeito

Ah saudade...

Das cartas trocadas

Dos poemas, das lágrimas, daquele sorriso de lado, do meu amigo poeta.

Ah saudade...

Dos nossos infinitos e débeis jogos

Das nostálgicas mas divertidíssimas corridas

Saudade do olhar, quase transparente de tão claro,

A esperar por respostas, aflito.

Saudade do cabelo a lhe cobrir os olhos

Dos dedos sujos de giz.

Ah saudade...

Do olhar perdido e sorriso franco

Da despreocupação quase infantil de minha amiga

De nossos tragos as escondidas

Ah brother! Saudade de sentar com você

Em uma calçada qualquer e dividir segredos

Ah saudade...

De me aborrecer com sua falta de seriedade

Para depois ter de me render ao seu humor

Ter pena de você e me desesperar por nada poder fazer

De ter orgulho de você, dando a volta por cima

Enganando a todas com um falso sorriso

Quase se enganando com um raso sentimento

Ah saudade....

De nossas análises e preocupações

De sua doce prepotência

De sua oratória e atuação perfeitas,

Capazes de convencer até um pedaço de pau

Saudade de seu descontrole e daquela sua cara de

“Está tudo bem...”

Saudade de você mordendo o lábio de aflição

Xingando, chorando, ou quase impávida

Impenetrável

Ah saudade...

De minha quase amiga e sua excessiva humanidade

De como tudo e todos lhe afetam

E de como sente na pele, na barriga, na cabeça.... no corpo...

Saudade de dividir aflições, do sorriso com os olhos,

Do abraço grande, das sobrancelhas arqueadas

Ah saudade...

Das visitas inesperadas

Do cumprimento suado

De falar de mulheres, suas artimanhas, nossas estratégias

Saudade do tapinha nas costas

E daquela cara de: “Fudeu!”

Saudade de dividir problemas, loucuras, sonhos

Ah saudade

Da casa quase nunca silenciosa

Do meu cd de Chico Buarque

Das reuniões

Das conversas de pai para filha

Das repreensões de irmã para irmã

Saudade até de sentir saudade

Saudade de querer ver o mundo

Porque já estou nele...

2 comentários:

O Eu Flor que sonha. disse...

e eu com saudades desse Poeta desconexo que eu adoro.

"Ah saudade...

De ouvir os amigos em seus desabafos de amor,

Por amor, com amor"

bem aí eu me senti, huahauhauhaua

beijos dy,e chega logo aqui. sinto tua falta.

Fóssil disse...

Devolta pro aconchego, moça ;)

E eu continuo adorando essa verdade e transparência nos teus textos. Excelente!

 
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