22 de fevereiro de 2012

Fragmentos da Primavera

IX
Teus olhos de tempestade me devoram e me sugam para tua confusão. Teu cheiro insistente me embriaga a ponto de eu perder o rumo. Teu gosto de pêra madura me faz perder a noção das horas. Tuas pernas se confundem com as minhas a ponto de eu não saber mais para onde seguir. E quando tu sorri não sei precisar se meus pés continuam no chão.


X
A minha amante tem gosto de pêra madura e derrete na minha boca. A minha amante tem os olhos de tempestade e sempre que ela me olha, revira a minha alma. Minha amante tem um cheiro tão insistente como café e, por isso, é irresistível. A minha amante tem inquietações maiores que sua própria alma, mordazes. A minha amante tem voz de flautista, encanta qualquer um... Ah se minha amante me amasse além da hora do almoço!


XI
O meu coração despenca ribanceira abaixo
Já tem um cotovelo rasgado
Um joelho ralado
E a testa sangra incessantemente
Mas o coração, de tolo, continua caindo.

XII
Já não resta sequer o cheiro das flores
As cores parecem foscas, turvas
Esboços da primavera
As árvores começam a perder as folhas
E eu a respiração

XIII
Ela toca na minha garganta e pergunta:
- Isso é seu coração?
- Sim.
- E por que ele está aqui?
- É sempre assim quando você está por perto.

XIV
Cada rosto guarda uma história
Cada lágrima guarda uma dor
Cada amor, um pesadelo.

XV
Das palavras que você ouviu, apenas a mágoa do seu esquecimento
Os rabiscos de nossa história foram esquecidas no fundo do armário
Das perguntas sem resposta ecoam os pesares
Das palavras não ditas cresceram ervas daninhas
Que sufocaram nosso amor durante a noite.

FIM

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