17 de janeiro de 2012

Fragmentos da Primavera

II

Se os poetas fossem contar a nossa história diriam: E no início tudo era o caos, a ausência e a solidão. De um lado havia dor, de outro a escuridão, e Deus disse: faça-se a luz. Então os meus olhos encontraram os seus.

III


Se o ser humano não tivesse mania de querer consertar o mundo ele não estaria assim caindo aos pedaços e, talvez, o amor durasse uma centena de anos, como deveria ser. Mas essa essência humana que faz de nós a cobaia de nossas próprias experiências enche o mundo de parafernálias e o amor de subterfúgios. E no final da vida você já nem sabe se aquele embrulho na barriga é a presença do ser amado o fast food que não caiu bem.

IV


Há qualquer coisa no seu sorriso que me tira de órbita. Mais tarde, anos luz daqui me acharão, quem sabe!? E talvez perguntarão: como diabos te perdeste de nós!? Foi um olhar, bastou um olhar!


V


Eu vinha nervosa pela rua ensaiando o que diria, aquela hora, quando ela abrisse a porta.

- Não consigo dormir. E isso já tem dois dias.

Ela me abraçaria sem palavras e me levaria para o sofá. Pousaria minha cabeça entre seus seios e logo eu ouviria as batidas compassadas do seu coração.

Chove em cima da minha cabeça, o pranto dela lava a minha tristeza.

Quando afinal cheguei à porta ela não se abriu.

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